Páginas

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A amplitude “des”modulada



* Edson Rontani Júnior, jornalista

Sou do tempo em que se passava mais tempo ao lado do rádio do que passamos hoje em dia diante do computador. Este tempo está longínquo do hoje. Foi na década de 1970 em que rádio e televisão eram grandes concorrentes da informação e do entretenimento, diante de meios tradicionais como o jornal e o cinema. É fácil para quem viveu esta época lembrar-se de termos que caíram no esquecimento como Ondas Curtas ou Ondas Tropicais. Eram amplitudes que apareciam no dial do rádio, embora já estivessem com os dias contatos.

A OC (onda curta) servia por longas décadas para a comunicação de longa distância. Era comum ouvir na chácara de minha família, situada no bairro Itaperu, transmissões em português provindas da BBC inglesa ou emissoras de língua hispânica. No Brasil, tínhamos a “Rádio Relógio Nacional”. Não tocava música, não dava notícias, mas informava a hora certa intermeada com conhecimentos gerais tipo “você sabia?”. Parece baboseira para o dia de hoje, mas guiaram muitos radiouvintes que ainda se maravilhavam com a TV preto e branco, grande concorrente da transmissão radiofônica.

Na época, tínhamos ícones nas emissoras locais que passavam pela programação das rádios Difusora, Alvorada e Educadora. Todas em A.M. (Amplitude Modulada). Ao final dos anos 70 surgem as emissoras de F.M. (Frequência Modulada), com som estéreo, como a Andorinhas (Campinas) e Difusora (Piracicaba). Nos anos 80, as FMs tornam-se celebridades. Lançaram nomes, projetaram artistas e viram febre nos walkman Sony e nos tapes Tojo.

Os anos 2000 vieram para enterrar a audiência da AM, como ocorreu com as Ondas Curtas e as Ondas Tropicais. O avanço tecnológico proporciona ouvir rádio no computador, copiar músicas em MP3 substituindo fitas cassete e long plays (LPs). Assim, a determinação da presidente Dilma Rousself em garantir a migração das AM para FM nada mais é que uma atualização necessária. Celulares pegam FM. O AM não é incorporado ao aparelho, pois, segundo os fabricantes, consome muita energia.

A migração de ondas radiofônicas faz parte da história do rádio. O som da emissora AM propaga-se para mais longe. A FM tem uma qualidade melhor. Na década passada, emissoras como a Jovem Pan passam a transmitir na FM parte de sua programação como jogos ou noticiários. A migração – agora oficializada pelo governo federal – já vem de anos. Muda-se o perfil do ouvinte ou este também migrará de frequência? Só o tempo dirá...

(A Tribuna Piracicabana, 12 de dezembro de 2013)

Nenhum comentário: